Antes de tudo, como sempre, você pode pular direto pro seu assunto favorito:
- Pokémon e a captura de dados
- Trump e a Cambridge Analytica
- GPDR e LGPD
- Cookieless world
- O futuro do digital é conteúdo
Você deve estar pensando, o que Pokémon, GPDR e SEO tem a ver?
Pois é, mais do que imagina.
Pokémon GO! te acompanha onde você for e ele tem que pegar TODOS!

Vamos começar pelo Pokémon GO! que virou febre no mundo, onde você anda, ganha pontos e captura os monstrinhos através de realidade aumentada!
Assim que o jogo estourou, começaram as histórias sobre a Niantic Labs, dona do jogo, capturar dados dos usuários, incluindo as câmeras ligadas, dados de navegação e localização, tempo com o celular, etc…parece teoria da conspiração? Mas calma, vai piorar!
O fundador da Niantic Labs, John Hanke, está ligado a duas coisas bem famosas, uma ele criou a empresa Keyhole Inc, que deu origem ao Google Earth e que teve um processo muito famoso, virando inclusive documentário no Netflix chamado A Batalha Bilionária: O Caso Google Earth que conta como supostamente os códigos e soluções que criaram o Google Earth foram roubados.
E sua segunda suposta ligação, segundo fontes do mundo da tecnologia, Hanke também é parceiro de dados da CIA, o que claramente não há confirmação alguma, mas a pulguinha fica ali.
Então, em resumo, ao andar jogando Pokémon você provavelmente está enviando dados diversos seus e do seu ambiente para alguém que fará uso disto.
Parece surpreso? Bom, esse é só mais um dos tantos Apps que capturam seus dados e utilizam para criar perfis, principalmente de vendas, para abordagens futuras. Facebook, TikTok, Instagram, Waze, Gmail, Snapchat, Tinder, basicamente qualquer aplicação captura seus dados. E sabe o que é pior? Você permite isso ao aceitar os termos e condições, que tenho certeza que assim como eu, nunca leu.
Até aqui tudo bem, nada novo sob o sol, a galera da captura de dados vivia feliz em um mundo isolado pelas barreiras da tecnologia que soava até futurista demais para o resto das pessoas, uma terra livre de julgamento e intocada, até que um dia o céu caiu sob suas cabeças.
O caso Cambridge Analytica
A ideia aqui não é fazer jornalismo, por isso só vou repassar rapidamente os acontecimentos para todo mundo estar no mesmo barco!

O caso teoricamente começou em 2014 com a coleta de dados feita pelo Facebook de 87 milhões de usuários, onde a Cambridge Analytica começou analisar o comportamento das pessoas para influenciar suas opiniões políticas, trabalhando diretamente para a campanha de Donald Trump. Após isso o Facebook pediu desculpas pela coleta de dados “inadequada”.
Em 2015 o senado americano começou a entrar no tema, onde a discussão girava em torno de dados capturados sem autorização principalmente para fins políticos e em 2018 estourou em todos os grandes jornais americanos depois de denúncias de um ex-funcionário da CA (Cambridge Analytica).
Isso gerou um grande movimento na internet, principalmente no Twitter chamado de #DeleteFacebook, que inclusive, mais uma vez, gerou um documentário no Netflix chamado “The Great Hack” caso queiram assistir.
Se quiser entender mais de como esses dados são capturados através de Cookies é só clicar aqui.
Bom, no final isso acabou virando um grande processo contra a CA e um acordo de US$725 milhões para encerrar o caso.
Nasce aqui a GPDR e logo mais a LGPD

Preocupados então com as coletas de dados, inclusive chamado de o novo petróleo pelas Big Techs, governos do mundo inteiro começaram a criar regras de coletas de dados, nascendo quase que a base de todas as demais na União Europeia, a chamada GPDR (General Data Protection Regulation) em tradução livre: Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados.
Você pode ler mais sobre isso no nosso post sobre Cookies aqui.
E a partir daqui as empresas e marcas também começaram a se preocupar. Umas pelo simples fato de proteger seus usuários, outras nem tanto, já que a grande maioria é completamente dependente da mídia digital.
E aqui começa o problema, a maior vantagem da mídia digital é a rápida coleta de dados para atribuir alguma ação do cliente, seja uma visita, um clique, uma venda ou um cadastro. Incluindo os dados daqueles que não fizeram nada.
Com isso é possível entender muito sobre a comunicação, se uma frase vai bem, se um formato vai melhor, qual CTA (call to action) utilizar e quando mudar um anúncio e muito mais. É um universo à parte o que é possível analisar com a comunicação digital.
Mas agora você precisa de autorização para capturar esses dados e aqui tudo muda no mundo digital. Porque sem a captura “espontânea” de dados fica cada dia mais complicado para as campanhas, principalmente de e-commerces que dependem de dados muito precisos, e quem é do varejo sabe, que uma decisão errada por mais simples que seja é prejuízo certo.
E neste ponto não só a preocupação começou a aumentar como a cobrança por transparência das Big Techs também. Quem nunca falou no carro Pizza e recebeu um anúncio logo depois?
O que capturam, quando, com qual autorização? A coisa ficou pesada e empresas como o Google, Meta e Mozilla começaram a divulgar seus novos modelos de captura de dados ou não captura dos mesmos.
Privacidade se tornou um dos mais importantes temas nos debates, inclusive mega discutido no WebSummit de Lisboa e na NRF de Nova York.
E então a Apple chegou chutando bu#@#%

Em 2017, a Apple implementou no Safari o Intelligent Tracking Prevention e depois em seus devices, que agora por padrão não permitem mais a captura de dados, e mesmo com a autorização clara do usuário há limitação de captura. iPhone se tornou uma dor de cabeça para a galera de BI (business intelligence), principalmente após o iOS 14, apesar de uma base infinitamente menor que a base Android, ainda sim em determinados segmentos é predominante.
A linha OUTROS nos dashboards começou a ser questionada.
O Firefox seguiu a mesma linha com seu Enhanced Tracking Protection contra Cookies Thrid-party. O Google também anunciou o fim do cruzamento de base (quando um site lê o cookie salvo por outro), isso representa sozinho 60% de todo mercado global de navegadores!
O Google também passará a usar APIs com preservação de privacidade e o FLoC (Federated Learning of Cohorts) agrupando usuários com base em interesses compartilhados.
Começa aqui então um novo mundo, o mundo sem Cookies.
Cookieless World

O impacto disso é gigantesco.
E basicamente está dividido em dois tipos publishers:
- Canais de mídia (como UOL, Folha, G1, 4 Rodas, Terra e outros).
- Big Techs (Google, Meta, Amazon e outros)
Colocando os 500 maiores publicadores de conteúdo do mundo juntos, estamos falando de diminuir a receita de anúncios programáticos em INACREDITÁVEIS 52% sem os Cookies Terceiros.
Veja bem, estamos falando de 52% de toda mídia programática do planeta todo.
Já o Google, representa hoje 29,4% de toda receita publicitária dos Estados Unidos, e não distante o Meta mais 23,4%. Estamos falando de impactos diários de 2.8 bilhões de usuários nas redes da Meta, 2.8 bilhões de pessoas TODOS os dias logadas, e com o Google temos mais 1.5 bilhões de usuários do Gmail e 2 bilhões de usuários logados no Youtube por mês.
Na Amazon, por exemplo, representa 47% do market e existe uma previsão de ser o veículo com maior crescimento para anúncios digitais nos próximos dois anos. Por isso, está fazendo um sólido investimento em sua infraestrutura first-party para dados.
E estamos falando de dados pesados para os anunciantes, em média cada $0,79 gastos com publicidade online $0,21 vão para a cucuia! São perdidos, explicando mais uma vez a necessidade de monitoramento efetivo de dados.
Uns choram e outros vendem lenço.
Desse mundo começaram a nascer muitas soluções, sendo a principal delas o ATS (Authenticated Traffic Solution), soluções privacy-first sem a utilização de cookies terceiros, utilizando sistemas onde você fica logado para garantir a autorização contínua de captura de dados. Também nasceram tecnologias como DMPs (Data management platforms) que foram criadas para ajudar anunciantes a manusear os cookies anônimos e ainda sim segmentar a audiência em larga escala com dados anonimizados.
Não acaba aqui não!
Existe um último ponto a se abordar sobre o tema. Qual o real futuro disso?
Que época para se viver amigos! Possivelmente veremos o petróleo ser substituído por energia sustentável e a morte dos navegadores de internet. SIM, você não leu errado.
Antes de entrar no tema, fica uma dica, leia esse conteúdo aqui, só clicar!
A inteligência artificial

O Chat GPT vem colocando medo nas Big Techs que mal se recuperaram da pancada dos Cookies. Por que você vai pedir respostas para o Google com respostas pela metade, das quais você ainda precisa encontrar o site adequado, com a resposta que queria se a Open.ai sem capturar seus dados, de graça e sem nenhuma propaganda já te dá isso?
E mais, ela ainda faz para você o texto, a tabela, o código que estava buscando.
Isso é uma verdadeira revolução na comunicação como um todo, pois a partir daqui não tem mais volta, estamos falando de inteligências que podem ser alimentadas, aprender e replicar comportamentos próximos aos humanos mas com a possibilidade de buscar toda informação muito mais rapidamente. Ainda mais, que como citei no artigo acima, temos uma limitação de download e upload clara nos nossos cérebros.
Imagine o seguinte cenário, você quer comprar uma máquina de lavar.
Se sua inteligência artificial (seja qual for) estiver alimentada (e claramente privada), ela vai saber dados como:
- Quais marcas gosta
- Quais teve problemas
- Quantos quilos precisa ter
- Porta em cima ou frontal
- Valor médio
- Seu limite no cartão de crédito
- Juros que costuma aceitar
E aqui é só o começo, imagine que ela também vai revirar a internet
- Opiniões do Reclame Aqui
- Google My Business
- Reclamações em redes sociais
- Discussões em fóruns técnicos
- Vídeos de creators e influenciadores
- Redes sociais
Nem o James Webb pode ver tão longe.
Por isso minha sugestão é:
Comece a pensar no seu conteúdo e no SEO. Ainda não existe nada sobre como as AI’s vão lidar com conteúdos online, como vão ler e gravar, mas um fato é que vão!
Já começou a pensar o que vai fazer?
Nós já!